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DICEBAS
QVONDAM SOLVM TE NOSSE CATVLLVM,
LESBIA, NEC PRAE ME VELLE TENERE IOVEM.
DILEXI TVM TE NON TANTVM VT VVLGVS AMICAM,
SED PATER VT GNATOS DILIGIT ET GENEROS.
NVNC TE COGNOVI; QVARE ETSI IMPENSIVS VROR,
MVLTO MI TAMEN ES VILIOR ET LEVIOR.
QVI POTIS EST? INQVIS. QVOD AMANTEM INIVRIA TALIS
COGIT AMARE MAGIS, SED BENE VELLE MINVS.
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Dizias
outrora, Lésbia, teres conhecido apenas Catulo,
e que em meu lugar não querias possuir nem mesmo Júpiter.
Então te amei não só como o vulgo, a
amante,
mas como um pai ama seus filhos e genros.
Agora te conheço; por isso, embora mais fortemente
me consuma,
todavia me és muito mais vil e leviana.
“Como é possível?”, perguntas. Pois
tamanha ofensa
força o amante a amar mais, a bem-querer menos.
Gaius Valerius Catullus (84 a.C.?- 54 a.C.?)
nasceu em Verona, mas viveu grande parte da vida em Roma. Fez
parte de um grupo que mais tarde ficou conhecido como “poetae
noui” (poetas novos). Compôs cento e dezesseis peças
poéticas, de temática e metros variados. Catulo
é mais conhecido por seu ciclo de poemas dedicados a
Lésbia, em que se alternam paixão desenfreada,
ciúme, desprezo e desespero.
Daniel
Peluci Carrara é mestrando em Estudos Clássicos
na FALE, onde também é professor substituto de
Latim.
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